Se não fosse localizado em São Paulo, o tranquilo e arborizado Jardim Paulista poderia ser confundido com uma cidadezinha do interior.
Existem dois Jardins Paulista: o distrito e o bairro. E, curiosamente, eles não ocupam apenas a área próxima ao Espigão da Paulista, mas também sobem o morro em direção à Avenida Paulista, se espalhando até à Rebouças. Acredita?
Uma vasta região de perfil variado, sendo uma parte verticalizada, comercial e efervescente; outra tranquila, arborizada, tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), com rígidas regras de restrição construtiva. É um dos bairros mais valorizados de São Paulo.
A parte que nos interessa desse latifúndio é a que fica entre as ruas Estados Unidos, as avenidas São Gabriel, Brigadeiro Luiz Antônio e 9 de Julho, isto é, um paraíso verde de ruas calmas que lembram uma cidade do interior e que está a “dois passos” de tudo.
Casas imensas e escondidas dividem espaço com outras de vários estilos e tamanhos, que exibem suas idades com orgulho, todas cercadas por jardins e muitas árvores. As ruas sombreadas e seguras (pela Vigilância Solidária) são perfeitas para quem gosta de caminhar. Já em casa, é possível admirar o céu e ouvir o barulho da chuva batendo no telhado. Não é à toa que esse trecho dos Jardins seja tão procurado.
O Jardim Paulista abriga quatro dos mais concorridos restaurantes da cidade: o Tre Bicchieri, Varanda e Dalmo Bárbaro, sem esquecer o Skye, no topo do Hotel Unique, sendo cinco estrelas e com aparência de uma melancia. Existem inúmeras escolas, como a Escola Panamericana de Arte ou o Célia Helena Centro de Artes e Educação. Por aqui, também está o badalado Estúdio de Dança Anacã, a Escola Laurent Suaudeau, do estrelado chef de cuisine, o Instituto do artista plástico Gustavo Rosa, e vários escritórios de arquitetura, ateliês de alta-costura (Marina Linhares e Candy Brown são alguns deles), consultórios e outros empreendimentos que fazem o Jardim Paulista tão especial.
Um dedo de história
No século 18, as terras onde está localizado o Jardim Paulista atualmente, eram ocupadas por sítios de cultivo de chá, tabaco e uva. Em 1890, a área foi comprada pelo general Juvenal Couto Magalhães e revendida às famílias Pamplona e Paim, que na década de 1920, se tornou o Jardim Paulista, bairro também planejado pela Cia City, no mesmo espírito Bairro-Jardim de seus pares América, Europa e Paulistano.
Desde o começo do século 20, o bairro era servido por bondes. O 40 Jardim Paulista subia a avenida Angélica, entrava pela Paulista, descia a Brigadeiro Luiz Antônio e fazia o “balão” na rua Antônio Bento com Veneza, para voltar pelo mesmo trajeto. Com a chegada dos ônibus elétricos, os trilhos do 40 Jardim Paulista foram engolidos pelo asfalto e descobertos, por acaso, em 2009 quando as obras da Prefeitura quebraram o asfalto. Os restos desses trilhos ainda estão lá, agora à vista, em forma de sítio arqueológico da história do transporte em São Paulo.
Os restaurantes do Jardim Paulista: delícias na mesa
Os restaurantes do Jardim Paulista estão entre os mais concorridos da cidade: o Tre Bicchieri, o Varanda, o Dalmo Bárbaro e o Skye, no rooftop do Hotel Unique e uma vista de tirar o fôlego.
Tre Bicchieri
Há 10 anos, o italiano Tre Bicchieri mal abriu suas portas e já ganhou duas estrelas do Guia Quatro Rodas. A partir disso, a culinária de Rodrigo Queiroz, típica da região da Toscana, foi premiada por todos os veículos especializados. O restaurante do Jardim Paulista com cores quentes e iluminação esmeralda remete às casas italianas. A especialidade é o Tortelli di pecorino toscano al tartufo di San Miniato, mas as carnes e sobremesas não deixam nada a desejar.
Onde: R. Gen. Mena Barreto, 765, tel. (11) 3885-4004
Varanda
Quem passa pela rua General Mena Barreto nos fins de semana percebe um movimento intenso de carros e valets. É onde fica o concorrido Varanda, uma das melhores steakhouses do país.
Desde que abriu as portas, em 1996, ele nunca perdeu o prestígio. Sylvio Lazzarini, o dono, é um dos maiores especialistas em carnes do Brasil, e graças ao talento do chef executivo Fábio Lazzarini, a casa serve carnes com cortes no estilo de três grandes escolas de churrasco – americana, argentina e brasileira. Vale a pena, também, conferir os pescados fresquíssimos, uma vez que eles apoiam
a exploração da pesca sustentável.
Onde: Rua General Mena Barreto, 793, tel. (11) 3887-8870
Dalmo Bárbaro
Depois de conquistar paulistas e paulistanos que passavam as férias em Guarujá, o Dalmo, pequeno restaurante ao lado do Canal de Bertioga que servia mariscos, peixes grelhados e banana frita com canela, mudou de endereço até subir a serra em direção à capital, levando seus frutos do mar, risotos e pescados divinos. O sucesso foi imediato. Não deixe de experimentar a prancha de frutos do mar, a tamarutaca grelhada ou qualquer dos pescados servidos, são divinos.
Onde: R. Gironda, 188, tel. (11) 2985-4002
Skye Bar & Restaurante
Escolhido como um dos 50 melhores bares e restaurantes em coberturas pela CNN, o Skye fica no rooftop do Hotel Unique, projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, em forma de melancia. A piscina avermelhada e a vista dos Jardins, que alcança a Avenida Paulista, é tão espetacular que mesmo se a comida não fosse agradável, já valeria o programa. Mas os pratos são deliciosos e levam a assinatura do renomado chef francês Emmanuel Bassoleil, que dispensa apresentações. No menu, peixes de rio como o duo de tambaqui e pirarucu cozido com purê de banana-da-terra, rodelas da fruta e feijão-manteiguinha são de dar água na boca. Uma vez lá, o bar The Wall no térreo merece a sua visita.
Onde: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700, tel. (11) 3055-4702
Hotel Unique, um grande barco ancorado no Jardim Paulista
A partir de um arco invertido, o arquiteto Ruy Ohtake projetou o Hotel Unique sendo, de fato, único, contemporâneo e a cara de São Paulo.
É provável que o Unique seja o projeto de hotel mais estilo vanguarda de São Paulo. Projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, com design de João Armentano, paisagismo de Gilberto Elkis e culinária de Emmanuel Bassoleil, o hotel foi deslocado dos tradicionais eixos de business da cidade, e ergue-se no Jardim Paulistano, a dois passos do Parque do Ibirapuera.
E, talvez, por sua forma que lembra uma fatia de melancia, seja o ponto de encontro de arquitetura, arte, design, moda, gastronomia e música.
Seu conceito, atendimento, culinária e hospedagem são únicos!
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700, tel. (11) 3055-4700
Cuidados com Body and Soul
Talvez seja a proximidade com o Parque do Ibirapuera, ou as ruas tranquilas e arborizadas que convidem os moradores do Jardim Paulistano a caminhar, correr, andar de bike, ter cuidados no geral em aulas de dança, ou da alma nas delícias de um Spa.
Ela dança, eu danço
É aqui, em uma das bordas do Jardim Paulistano, em um casarão de 800 m2, que fica a primeira unidade do badalado Estúdio Anacã, que por oferecer mais de 40 modalidades de exercícios, desperta os cuidados com movimento, gesto e a dança, existentes dentro de cada um, não importa a idade, o sexo ou tipo físico. Você pode escolher entre danças culturais, jazz, clássico, sapateado, hip hop, aero e street dance, ou então yoga, pilates, full connection, alongamento e até circo. Pode fazer todas as modalidades, ou montar sua própria grade de aulas.
Av. Brasil, 649, tel. (11) 3052-0763
Santo Corpo
A proposta é trazer concentração, equilíbrio, respiração e força por meio de aulas de pilates, treino funcional e massagens, seja qual for a atividade de sua preferência.
Rua Groenlândia, 406, tel. (11) 3051-3829
Spa do Unique
Além de ter um fitness center bem equipado, com duas piscinas, saunas e personal trainers, o Spa do Hotel Unique é uma delícia, que oferece cuidados de beleza para rosto e corpo, além de um menu de massagens relaxantes imperdível.
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700, tel. (11) 3055-4700
Jardim Paulista: local de arte, cultura & cia
Se as escolas são um atrativo a quem procura um bairro para viver, o Jardim Paulista tem, bem pertinho, a conceituadíssima Concept, para educação formal com pegada contemporânea. Em compensação, aqui está localizada a Escola Panamericana de Arte, que desde 1963 forma artistas plásticos, gráficos, publicitários, animadores, fotógrafos, decoradores, desenho de moda, etc.
A Escola de Culinária do mestre francês Laurent Suaudeau, que ensina a arte de mesa, desde o “isso é uma faca” até pratos sofisticados da alta gastronomia, passando, é claro, por todas as etapas intermediárias.
O Teatro-Escola Célia Helena, que desde 1974 incentiva a arte cênica em todas as suas vertentes e formação de atores, hoje, sob o comando da filha da atriz, Ligia Cortez. Impossível esquecer o Instituto Gustavo Rosa, onde ficava o ateliê do artista, que além da exposição de suas obras e reproduções à venda na loja, também oferece propostas do Projeto Pintando o Bem para escolas e saúde, abrindo as portas de seu espaço para crianças da escola pública, ou levando arte para os hospitais.
O Jardim Paulista aos olhos de Vera Suplicy
Moradora do Jardim Paulista, desde que se entende por gente, Vera Suplicy fala do pedaço que escolheu para chamar de seu.
Vera Suplicy nasceu no Jardim Paulista e passou sua infância no bairro, ela se lembra do bonde que um dia tomou para voltar do Colégio Rio Branco, onde estudava, e mostra os trilhos aparente na esquina da Rua Antônio Bento.
Casou-se com o empresário Roberto Suplicy (leia-se Bar Supremo, Guéri Guéri, Dry) e continuou morando no bairro. Quando as filhas nasceram, a casa ficou pequena e mudaram-se para outra, poucas ruas adiante. Ela mora nessa casa até hoje, recebe as filhas, os genros, netos e muitos amigos, acompanhada da cachorrinha Laurinha e da gata Mia, que adotou a família Suplicy como sua.
Como ritual sagrado, Vera Suplicy caminha todas as tardes pelas ruas arborizadas no Jardim Paulista, com o celular na mão, fotografando tudo que vê. “Faço séries”, conta ela, “uma vez são as calçadas, outra os portões, as árvores, os muros, as flores e o que mais me chama atenção, e o público do Facebook”. As fotos são ótimas e ela cedeu algumas para o blog da High.
High: Você mora no Jardim Paulista desde sempre. Sentiu alguma mudança no bairro?
Vera Suplicy: Muito pouco. Algumas casas foram compradas, derrubadas e viraram mansões; outras se esconderam atrás de muros altos e guaritas; existem as que se mantiveram iguais a quando eu era criança. Meu bairro é antigo, uns conservam, outros reformam ou derrubam. Acho essa mistura gostosa.
High: O que você mais gosta no Jardim Paulistano?
Vera Suplicy: O bairro é plano, bom para andar e tem tudo próximo, é só atravessar a avenida, além de estar quase ao lado do Ibirapuera.
High: Alguma descoberta nas suas andanças?
Vera Suplicy: Os trilhos onde a linha 40 Jardim Paulista fazia o balão, foram descobertos por acaso durante uma obra da Prefeitura, e agora ficam à vista de quem passa. Também tem o casarão de esquina com muro todo grafitado, na dúvida sobre quem era o artista, toquei a campainha e descobri que pertencia aos gêmeos.
Agora que você já sabe as principais razões que fazem o Jardim Paulista ser tão especial, confira alguns imóveis da região em nosso portfólio.