Crédito: Foto @Bruno Pinheiro/tancosense.com/google
Uma exigida declaração de amor da nossa viajada redatora ao Querido Trancoso, um dos seus lugares preferidos!
“Sou daquela turma de “hippies” que descobriu o sul da Bahia no final dos anos 1970, segundo a Wikipédia. Cheguei primeiro no Arraial d’ Ajuda. E uma das lembranças mais bonitas que tenho na vida, foi atravessar o rio Buranhém, que separa Porto Seguro do “lado de lá”, de canoa, à noite, sob um céu sem Lua, que era só estrela.
Naquele tempo a balsa, com espaço para dois carros, que cruzava o rio, parava de funcionar às 18 horas. O que me esperava? Não tinha a menor ideia. Estava indo encontrar amigos, numa casa no alto da falésia, de frente para o marzão da Bahia. Simples e linda.
De lá para Trancoso foram alguns anos. E quando descobri aquele Quadrado mais retângulo que conheci, cercado por casinhas coloridas, uma igrejinha antiga de costas para o mar, me apaixonei.
A praia vazia a perder de vista, o mar de vários azuis, a Lua que pulava no horizonte quando nascia, a simplicidade bem tratada… O astral era mágico.
Chegar ou ir embora era uma aventura que dependia da estrada, das pinguelas de madeira sobre os rios, da chuva. Não tinha luz elétrica e as noites eram iluminadas pelas fracas luzinhas dos lampiões das vendas, das casinhas do Quadrado.
Entre tantas lembranças que guardo de Trancoso, duas me tocaram fundo: o som de um saxofone ao cair da tarde; e a volta para casa, no Rio da Barra, na noite de um réveillon, naquela praia enorme, maré seca, eu e a Kiche, minha poodle 4×4 que topava todas e ainda pegava onda, dançando e brincando sob a luz da Lua cheia.
Só posso agradecer a Marta, amiga da vida inteira, que sempre me recebia e me apresentou o sul da Bahia, o ao Dadinho, craque do futebol do Quadrado, amigo do coração, que me abria a casa sempre que eu queria.
Trancoso cresceu, mudou, mas cada tribo ainda encontra o seu quadrado. E mesmo diferente, ainda guarda a magia dos primeiros tempos.”
Maiá Mendonça, diretora de conteúdo do blog High.