No ponto mais alto da Serra da Mantiqueira, a 1628 metros de altura, fica uma cidade com jeitinho de Alpes Suíços, com um horizonte que escorrega sobre um tapete de morros de várias alturas e árvores de diferentes tons de verde. Nesse cenário avistam-se aqui e ali, pedras que parecem esculturas feitas por Deus. Assim é Campos do Jordão.
No início parte do município de São Bento do Sapucaí, e assim, cresceu de lotes comprados de Mateus da Costa Pinto em 1874, que se transformaram a partir dos anos 1950, em nossa Suíça Brasileira.
A cidade se tornou um dos principais destinos turísticos de inverno do País, e mesmo que não tenha neve para esquiar, é uma delícia para curtir o friozinho da montanha.
Campos do Jordão é dividida em sua área central, em três bairros:
Abernéssia, onde ficam o comércio, os bancos, a estação de trem, o Mercado Municipal e as estradas que levam, à esquerda, ao:
- Palácio Boa Vista, sede de inverno do Governo do Estado;
- Auditório Claudio Santoro, onde acontecem os Festivais de Inverno,
- várias casas e condomínios.
Ainda, é o lado com a vista mais bonita para a Pedra do Baú. Se você virar à direita, vai encontrar o Hotel Toriba, casas grandes e simpáticas e o Tarundu, hípica e centro de lazer pra ninguém botar defeito.
Seguindo em frente fica Jaguaribe, um bairro com poucas atrações em Campos de Jordão.
E então chega-se ao Centro, ao Capivari, onde tudo acontece: lá estão os bons restaurantes, e o agito. Esse Centro tem apenas duas avenidas principais, uma para cada sentido, o que faz o passeio mais simples. Mas na alta temporada o trânsito é difícil e as ruas lotadas.
Como nem todo mundo gosta de badalação, ruas abarrotadas e etc., há muito a ser visto pelas bordas de Campos de Jordão, em bairros mais afastados e tranquilos, como o caminho que leva para o Horto Florestal (que merece a visita), o Pico do Itapeva para ver o sol nascer, cidades vizinhas (ou quase um bairro de tão perto), como Descansópolis.
Campos do Jordão é um lugar para se curtir em qualquer estação. No inverno é frio e as hortênsias estão em sua melhor forma. O verão é quente ao ponto de merecer um mergulho e as noites frescas. Primavera e outono mostram as belezas típicas da estação: árvores peladas e folhas vermelhas pelo chão; a vida brotando em todo seu esplendor de flores e cores.
Campos do Jordão: cultura na montanha
Há 50 anos Campos do Jordão recebe no mês de julho festivais de música, mas não é só: visitar o Palácio do Governo ou o Museu Felícia Lerner também fazem parte da vida cultural.
Foi o então secretário estadual da Fazenda, Luis Arrobas Martins que, inspirado pelo Festival de Música de Tanglewood, que acontece todo verão no Massachussets, nos Estados Unidos, idealizou o Festival de Inverno de Campos do Jordão.
O mês inteiro de julho é dedicado à música erudita, que acontece no Auditório Cláudio Santoro, com capacidade para mais de 850 pessoas. Mesmo tendo sido concebido para abrigar concertos, o auditório recebe também espetáculos de dança, teatro e shows variados, tanto que nos meses de Setembro acontece o Festival da Viola.
O famoso auditório, projetado pelo renomado escritório de arquitetura Croce, Aflalo e Gasperini, construído com pedras, concreto e vidro, divide seu espaço com o Museu Felícia Leiner, um museu a céu aberto que reúne 85 obras de bronze ou cimento e concreto pintados de branco da escultora polonesa Felícia Leirner.
Felícia se mudou para o Brasil na década de 1920, e trocou São Paulo por Campos do Jordão no começo dos anos 1960, onde viveu toda sua vida.
Felícia mereceu o prêmio “Melhor Escultor Brasileiro”, na Bienal de São Paulo de 1963, e tem obras em museus internacionais, como o Georges Pompidou, em Paris, ou o Hermitage, na Rússia, entre outros.
“O que faço: arrumo, desarrumo, corto, emendo, arranjo, furo papel, pano, tudo que estiver ao meu alcance arrumando, desarrumando, modificando. E daí, o que valeu? Valeu o que eu senti e modifiquei”, diz Felícia Leirner.
Talvez pouca gente saiba, mas em uma das casas típicas suíças, no bairro Jaguaribe, fica o Museu Casa da Xilografia, uma instituição privada, sem fins lucrativos, fundada por Antonio Fernando Costella, com a ideia de divulgar e preservar a história da xilografia brasileira.
Outro passeio imperdível é conhecer o Palácio Boa Vista, residência oficial do governador em Campos do Jordão. Construído na década de 1940, teve sua fachada alterada e hoje lembra um castelo europeu.
Três décadas mais tarde, o Palácio (que foi sede do primeiro Festival de Inverno) foi sendo decorado com obras de arte de grande valor, e formou um acervo de cerca de duas mil peças entre mobiliário, porcelanas, pratarias, quadros e arte sacra que datam dos séculos entre 17 e 20.
A natureza encantadora de Campos do Jordão
Araucárias, estradinhas cercadas por hortênsias de todas as cores, fazem parte da vegetação típica das montanhas brasileiras
Qualquer passeio que se faça, qualquer caminho que se tome, são garantia de uma viagem visual inacreditável. E por conta de toda essa natureza encantadora não é difícil imaginar porque há tanto esporte ao ar livre sendo praticado por lá.
Ciclistas subindo e descendo as montanhas e pessoas caminhando para se exercitar são coisas que encontramos neste lado de Campos de Jordão. E quando a cerração baixa, e a cidade parece pairar sobre uma nuvem de algodão, a impressão que se tem é de fazer parte do cenário de um filme das highlanders.
O Parque Amantikir reúne 20 jardins com espécies de diferentes países, como Inglaterra, Austrália, Alemanha e Japão, num sem fim de gramados, lagos e canteiros de flores que formam labirintos impressionantes. Aqui é permitido pisar na grama e cheirar as flores.
O Horto Florestal (Parque Estadual de Campos do Jordão, o mais antigo de São Paulo), é outra concentração de belezas naturais que merece ser conhecida.
É uma reserva de 8,3 mil hectares, que ocupa 30% da área do município, com bosques, cachoeiras e trilhas e 180 espécies entre aves catalogadas e animais ameaçados de extinção que vão fazer a alegria dos bird watchers.
No passado, subir o Pico do Itapeva, a mais de dois mil metros, para namorar e ver o sol nascer, assim como conhecer a cachoeira Ducha de Prata e arriscar um mergulho na água gelada, subir o Morro do Elefante de teleférico, escalar a Pedra do Baú e dar um rolê no centrinho para tomar uma cerveja no Baden Baden, eram programas obrigatórios.
Mas, por conta do excesso de interesse dos turistas (mais do que justificado), são quase que impraticáveis de tão lotados, o que leva os amantes das montanhas e da calma, a trocar os programas e visitas por programas mais caseiros e entre amigos.
A dica para quem quer conhecer esses lugares (que merecem ser conhecidos) é ir durante a semana e fora de temporada, quando o turismo é menor.
Esportes na montanha em Campos do Jordão
Radical ou não, Campos do Jordão é um paraíso para quem gosta de praticar esportes.
Pedalar é um dos esportes na montanha mais praticados na cidade (e um dos mais difíceis). É comum ver grupos pedalando morro acima ou competições acontecendo.
Passeio de quadriculo é outra mania, não se pode chamar de esporte, mas é um jeito preguiçoso e gostoso de conhecer os arredores com ares de aventura.
Trilhas existem aos montes, de todos os tipos e graus de dificuldades, algumas delas que terminam em cachoeiras de águas geladas, e revigorantes.
Para aqueles que gostam de radicalizar, um voo duplo de parapente a partir da Pedra do Baú pode ser emocionante, ou escolher o Pico Agudo na vizinha Santo Antonio do Pinhal para saltar de paraglider ou asa delta, o que não faltam são opções para praticar esporte na montanha.
O Campeonato Brasileiro de Enduro FIM de motocross costuma ter Campos do Jordão como cenário para suas provas. A própria geografia do terreno traz obstáculos suficientes para que atletas brasileiros e estrangeiros, combinem dificuldade, velocidade e muita habilidade em terrenos bastante acidentados.
A primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Enduro FIM de 2021 está programada para 28 de fevereiro, data ainda a ser confirmada por conta da pandemia, assim como as subsequentes. Fique de olho no calendário CBM Enduro F.I.M. (cbs.esp.br)
Campos do Jordão sediará, pela sétima vez, a etapa brasileira do famoso Tour de France, a Étape du Tour, a maior prova de ciclismo do mundo. Se antes os ciclistas viajavam a Paris para cruzar a França de bike, passando por obstáculos e provas complexas, agora é a vez desses participantes virem ao Brasil concorrer.
Ano passado, por conta da pandemia, por pouco a prova não foi cancelada, mas aconteceu em dezembro e contou com a presença dos grandes do esporte. Para o programa de 2021, Campos volta ao calendário entre 24 e 26 de setembro, e as inscrições já estão abertas.
Para quem gosta de esporte e cavalos, os melhores animais de Campos do Jordão ficam no Tarandu (contato: (12) 3668-9595), que lá no final dos anos 1970 era um haras onde, além da melhor montaria, quem tinha cavalo, podia deixar seu animal hospedado.
Hoje, o Tarandu aluga cavalos para cavalgadas pelas imediações do Hotel Toriba e por trilhas que levam a cachoeiras; quem gosta de hipismo pode aproveitar a pista de salto para praticar.
E tem mais: cerca de 30 atividades indoor e outdoor, que vão do arborismo, tirolesa, minigolfe e orbital ao up’down, air games, para citar alguns, e sem esquecer a pista de patinação no gelo e os passeios de balão…
O Tarandu tem, também, uma pequena pousada pet friendly com quatro suítes super confortáveis para quem quiser passar o dia perto das brincadeiras.
Para deixar seus cavalos muito bem hospedados em Campos de Jordão, com todos os mimos e cuidados, a dica é a Hípica Golf (12) 98212-2120 em Descansópolis.
A boa mesa de Campos do Jordão: melhores restaurantes
São muitos os restaurantes espalhados por Campos do Jordão, dos mais bacanas aos mais simples que servem uma culinária caseira e honesta. Separamos alguns dos melhores restaurantes que você pode encontrar por lá!
Atenção: Muitos restaurantes só atendem com reserva, outros fecharam as portas por um tempo (ou definitivamente). Não saia de casa sem antes confirmar.
O Le Foyer (contato: (12) 3663-1444), que durante anos foi exclusividade dos hóspedes do Chateau La Villette, segue a cartilha da fundadora do hotel Ana Rozette e traz para a mesa o sabor dos pratos europeus. Só atende sob reserva.
A Confraria do Sabor (contato: (12) 3663-6550), premiado pela revista Veja como “A melhor cozinha internacional da Serra Paulista; o tradicional gaulês La Gália (contato: (12) 3663-2993) que serve carne de javali.
A melhor pizza da cidade fica dentro do tradicional Grande Hotel Campos do Jordão, hoje comandado pelo Senac, A Arte da Pizza (contato: (12) 3668-6000), oferece sabores tradicionais e combinações curiosas como queijo brie e geleia de pimenta. Estão em funcionamento.
O Botanique Hotel&Spa (contato: (12) 3662-5800) trouxe para a serra o conceito que chamou de “pós luxo”: silêncio absoluto, integração com a natureza, conforto, uma combinação de suítes internas e vilas espalhadas pelos jardins, e culinária brasileira contemporânea baseada em ingredientes frescos e sazonais.
Enquanto que no Spa… ah! o Spa… 900 metros quadrados reservados para tratamentos exclusivos e patenteados, que vão ajudar você a relaxar, se cuidar e se alongar.
Mas uma das grandes estrelas da gastronomia serrana, frequentado por gourmands e connaisseurs, fica em Descansópolis e chama-se Beto Perroy Grill (contato: (12) 98151-5188).
Trata-se de uma churrascaria instalada em um casarão avarandado, cercado pelo verde, com mesas ocupando as varandas, um farto bufê de saladas, churrasco de fogo de chão, pratos da serra feitos no fogão a lenha, e uma deliciosa vista para o rio e a mata.
O Toribinha serve um dos melhores fondues da cidade. A palavra, que em tupi-guarani significa “paz, alegria e felicidade” foi transformada em hotel por Ernesto Diederichsen e Luis Dumond Villares em 1943, quando Campos do Jordão ainda era ocupado por sanatórios.
Sinônimo de qualidade, com seus quase 80 anos, soube manter sua tradição sem se perder no passado ou se descaracterizar. Os afrescos do artista italiano-brasileiro Fulvio Pennacchi, dão um charme extra ao hotel.
Dicas e achados de Campos de Jordão
Existem surpresas em Campos do Jordão que precisam ser garimpadas, e para isso contamos com alguns assessores especiais, frequentadores ou moradores da cidade na serra, para trazer dicas e achados que encontramos por lá!
Porcelanas únicas
Nicole e a filha Luiza Toldi (e toda a família), escolheram viver no alto das montanhas da Serra da Mantiqueira, e lá desenvolver um trabalho único e belíssimo em porcelana. Nicole, que já foi paisagista, leva para suas peças o que “sente” na natureza. Luiza, com formação artística, ajuda a criar os conceitos das coleções e a moldar as peças.
“Vivemos em meio a árvores centenárias e nascentes de água. Sentimos suas texturas, observamos suas formas, contemplamos seus detalhes e traduzimos essa vivência em peças de porcelana. Esculpimos o que sentimos para dar vida a novas peças”, explicam mãe e filha.
“Cada molde é único, e o resultado é sempre uma surpresa. A liberdade de criar livremente ajuda a encontrar formas que nos atraem”, completam. Nicole e Luiza Toldi (contato: @nicole_toldi, whatsapp 11 999616066).
De forno e fogão
Outro achado magnífico foi Dado Pimenta, frequentador assíduo de Campos de Jordão há muitos anos. Seu programa preferido é receber amigos e cozinhar, tendo como cenário a Pedra do Baú, para onde sua casa é voltada. Ele dividiu com a High sua lista de fornecedores – e ele entende do assunto.
Fran Frutas: é onde comprar verduras e frutas frescas e naturais. É o fornecedor preferido das pousadas e hotéis. (Contato: (12) 3662-2188).
As melhores carnes e cortes, vindas dos mais diversos cantos, ele compra na A Casa do Churrasco, onde encontra, também, os temperos ideais para que o churrasco fique ainda mais especial. (Contato: (12) 3664-4822)
Massas frescas e excelentes ele traz da Cantina di Nonna Mimi. (Contato: (12) 3662-3522). O molho? Segredo do chefe…
E como não é só a cozinha que atrai Dado Pimenta, as sementes, flores e árvores que planta em seu jardim são do Cantinho das Flores. (Contato: (12) 3663-4496)
Gostosuras
Raquel Barh foi um achado por acaso, numa conversa fiada, e é ela e suas fadinhas, que fabricam as mais deliciosas geleias, não só de Campos do Jordão, mas também do Uruguai.
A marca tem o simpático nome Tem Fadas na Cozinha, e de suas panelas saem as geleias preparadas lentamente por 72 horas, com receitas de família, feitas com produtos orgânicos e nenhum aditivo.
As “fadas” também fazem biscoitos, bolos (como o 1920, de limão, criado nas cozinhas do The Ritz Carlton em 1920) e uma coleção de geleias de vários sabores feitas em pequenas tiragens, por mãos de fadas. (contato: (11) 996422308, @tem.fadas.na.cozinha).