De Tom Jobim a Mika, passando por Caetano, Cazuza, Sandra de Sá e Miltinho, o Leblon — um dos mais charmosos bairros da cidade maravilhosa — é cantado em verso e prosa.
Também é cenário das novelas do escritor e morador Manoel Carlos, e procurado como o melhor point para se morar, além de ser um dos metros quadrados mais caros do país. Sabe por que?
O mais carioca dos bairros, tem prédios baixinhos, algumas casas com estrutura antiga, que mostram seu passado, edifícios modernos de frente para o mar, ruas arborizadas e tranquilas.
Dá suas costas para a Lagoa Rodrigo de Freitas, fica de frente para a pontinha da praia de Ipanema (quando passa a se chamar Leblon) e tem o Morro Dois Irmãos vigiando a praia. Entre seus habitantes há artistas, intelectuais, políticos, famílias tradicionais e antigos moradores.
Há quem compare —cariocas que moram em São Paulo— o Leblon com o bairro de Higienópolis, pena que sem o mar. O lugar tem a atmosfera tranquila e bairrista, as ruas planas que podem ser percorridas a pé, as livrarias, os quatro teatros, os restaurantes e bares tradicionais, as lojas transadas, dois shopping centers top, e todo tipo de serviço que fazem um bairro completo, autossuficiente e seguro.
Usando com toda a licença poética da liberdade, como diriam os versos de Ligia, a música de Tom Jobim, impossível não se apaixonar, depois de andar pela praia até o Leblon…
Leblon: sua história marcada por um quilombo
O bairro mais cobiçado da cidade do Rio de Janeiro é pequeno, tranquilo e carrega uma história de luta marcada pelo Quilombo do Seixas.
Uma única faixa de areia e a avenida Delfim Moreira ligam o Arpoador ao Leblon, bairro batizado em homenagem ao francês Charles Leblon, proprietário da fazenda que ficava na área.
Para facilitar a localização dos cariocas, um dos trechos mais lindos do litoral brasileiro, foi dividido em postos a cada 1 km, com quiosques, banheiros e chuveiros; no Leblon, os postos mais procurados são o 11 e o 12, mas o quiosque 5, em frente ao Hotel Marina, é famoso por vender uma das melhores caipirinhas da orla.
No canto direito da praia, fica o Pontão do Leblon, onde o mar tem ondas e tubos perfeitos que fazem do point o preferido dos surfistas. Um pouco mais adiante tem o Mirante do Leblon, com uma das mais belas vistas para as praias, o mar e as ilhas.
No conhecido Baixo Leblon, onde artistas como Cazuza e Miguel Falabella se reuniam, fica o Baixo Bebe, onde as mães levam as crianças para brincar. E tem também o Parque Penhasco Dois Irmãos, com mirantes espalhados pela subida, com vista para a Lagoa, o Jardim Botânico e o Corcovado.
Mirando o passado, por todo o Brasil formaram-se quilombos, comunidades que reuniam negros fugidos da escravidão.
No Rio de Janeiro, a capital, o mais famoso ficava no Leblon. Era o Quilombo do Seixas, um senhor que vindo de Portugal moleque, ganhou dinheiro fabricando malas, e comprou um grande lote de terras na Zona Sul, encostado no Morro Dois Irmãos. Seixas era um próspero burguês, industrial, comerciante e abolicionista.
No fundo de sua Chácara das Camélias tinha uma caverna que, disfarçada por um portão coberto por Coroas de Cristo, lá, o comerciante abrigava os negros fugidos, aconteciam reuniões abolicionistas frequentadas pela Princesa Isabel e Rui Barbosa.
Seixas plantou em sua chácara, as sofisticadas e raras flores que entregava no Palácio, e que passaram a ser o símbolo do movimento – “as camélias do quilombo do Leblon/nas lapelas”, parte de uma canção de Caetano e Gil, remetem ao movimento e identificavam quem era ou não abolicionista.
A Chácara das Camélias acabou sendo vendida e hoje é o conhecido bairro Alto Leblon. O Quilombo do Leblon talvez seja o ponto alto da história do bairro, que a partir do começo do século 20, foi passando por inúmeras melhorias de infraestrutura, sediou as primeiras corridas de automóveis, e transformou as terras de José Seixas de Magalhães em objeto do desejo de moradia, para as classes mais abastadas.
Quer conhecer o Lebon? Vá a pé!
Veja dicas de quem já morou nesse pequeno bairro e conheça os melhores lugares do Leblon!
Uma de nossas colaboradoras morou no Leblon por um bom tempo antes de se mudar para a Barra. Conhece o bairro como ninguém e sugere, para quem quer conhecer essa pequena joia que fica a caminho da Gávea, dedicar um dia para descobrir o porquê o Leblon é tão cobiçado.
Para conhecer o Leblon, um bom começo é tomar café no premiadíssimo Talho Capixaba, hoje uma loja super badalada (que começou como açougue, na década de 1950), com pães especiais de receitas portuguesas e francesas, sanduíches deliciosos e um cafezinho…
Depois de bater perna pelas charmosas ruas, ou se quiser começar o programa mais tarde, você pode ir direto almoçar no Boteco Belmonte, na rua Dias Ferreira, o point dos restaurantes e bares do Rio.
O boteco pé-limpo, bar do cearense Antônio Rodrigues, que abriu sua primeira casa no Flamengo, em 1952, se espalhou pela cidade. As especialidades são o chope gelado, pastéis, empadas e a verdadeira comida de boteco, mais carioca impossível.
Depois dessa programação para conhecer o Leblon, no final da tarde um docinho europeu cai bem, e você encontra no Kurt, confeitaria do alemão Kurt Deichmann, aberta há 75 anos, com doces alemães, austríacos e outras procedências.
Para encerrar o tour, adica é voltar para a Rua Dias Ferreira, e conferir o Japa Deusimar Sushi, curiosamente o nome do sushiman Deusimar Coelho, um baiano de fala mansa e muita garra, que veio tentar a vida no Rio de Janeiro, e em 2005 já sabia tudo da gastronomia japonesa, e foi abrindo seus restaurantes pelo Leblon, Ipanema, Copacabana.
Se você preferir trocar o sushi por um sorvete delícia, a dica é o Momo, o melhor sorvete do Leblon, ideia de apaixonados por sorvetes italianos, que trouxeram a tecnologia para o Brasil.
Tudo foi pensado para ser top: a casquinha é artesanal e feita em casa; o desenho do copinho foi pensado nos mínimos detalhes e o sorvete, ah o sorvete! É feito come in Italia, com açúcar orgânico, leite de qualidade, e frutas frescas da estação, todos orgânicos, sem aditivos e insumos artificiais.
Agora… se você quiser fechar o seu dia de conhecer o Leblon com chave de ouro, com o perdão do trocadilho, vá ao premiadíssimo restaurante Oro, com duas estrelas do Guia Michelin e outros prêmios importantes da revista Veja Comer e Beber.
Considerado um restaurante de vanguarda, que tem a criatividade como base de sua culinária, o uso de ingredientes frescos e da estação. O cardápio é bastante curioso e enxuto, e oferece um menu montado com um prato para comer com as mãos, alguns outros com talheres, um doce, harmonização com o vinho. É divino!
A boa mesa carioca
Como a HIGH tem imóveis por todo o Brasil e também em Paris, Londres, Nova York e outras capitais cinco estrelas, temos amigos descolados em todos esses lugares.
Alguns gostam de ser identificados, outros preferem assinar colunas repletas de dicas e outros escolhem o anonimato, por mil motivos, o que não significa que não conheçam as cidades onde vivem como a palma das mãos.
A rua Dias Ferreira é a escolhida da nossa colaboradora que adora comer e beber bem. “A rua tem restaurantes ótimos”, ela explica, recomendando a visita. No que depender da lista dela, ninguém vai se decepcionar com a gastronomia carioca.
Irajá Bistrô
Pedro de Artagão sempre esteve à frente do Irajá Bistrô, desde os tempos da primeira casa no Botafogo. Premiado, criativo, o chef está à frente de outros restaurantes premiados como a Cozinha Artagão, Irajá Redux, Boteco e Galeto Rainha e o catering Pedro de Artagão Festa. Sem falar nas marcas delivery Oficina do Estrogonofe e Bastarda Pizza. Precisa falar mais?
No menu, os melhores ingredientes, e misturas que despertam sabores inusitados. O Irajá fica em uma casinha com apenas 55 lugares, espalhados por duas salas. Uma boa dica: peça o menu degustação.
Sushi Leblon
Foi o primeiro restaurante japonês a abrir as portas na Zona Sul do Rio de Janeiro, em setembro de 1986.
O que fez com que ganhasse tantos prêmios, foi a bem dosada mistura de tradição e inovação em sua culinária e o ambiente cool, reflexo do projeto do arquiteto Thiago Bernardes e das inovações do chef Cássio Hara.
CT Brasserie
Os nomes por trás dessa brasserie são mais do que conhecidos: os chefs Claude e Thomas Troisgros, que abriram a CT Brasserie em 2011 no Leblon, tendo no comando do fogão a “cria da dupla”, o chef francês Didier Labbé.
A experiência começa no couvert, com pães feitos em casa, manteiga e pastinhas. As entradas seguem a pegada das tradicionais brasseries francesas como moules marinières e polenta mole com ovo poché. Saladas, massas, risotos e peixes e carnes fazem parte do farto menu, que tem tartes como sobremesa. Très français.
Sabor D.O.C
Carnes na brasa é o forte desse restaurante que atrai clientes pelo chouriço, o ceviche e burgers. E serviu de inspiração para a criação do Malta Beef Club, que criou a ideia do corte para ser partilhado e da maturação a seco, que dá maciez para a carne.
Boteco Rainha
Nem bem abriu as portas e o boteco do renomado Pedro Artagão virou sucesso. Conseguir uma mesa é uma batalha dura, principalmente à noite.
O Boteco é inspirado nos antigos bares restaurantes de portugueses e espanhóis, com um menu completo que prioriza os frutos do mar. Há quem recomende o croquete de lagosta como entrada.
O ambiente é super tranquilo, com azulejos brancos na parede, “queria simplicidade e que fosse descontraído”, diz o badalado chef.
Nôla
Em um ambiente confortável e descontraído, o chef do restaurante Thiago Sodré oferece um cardápio variado de opções frescas, deliciosas e cuidadosamente preparadas. Não são apenas o thunnini, a galinha e o espaguete carbonara que atraem a clientela, mas as sobremesas como o bolo de queijo, os sorvetes e brownies.
Tasca Miúda & Cia.
Nem um, nem dois, mas muitos: quem comanda restaurantes sempre inventa uma novidade. Esse é o caso do pessoal que comanda o Maria e o Boi, o KoBa e o Pabu Izakaya e que acaba de abrir, ao lado do Pabu, o Tasca Miúda, no esquema das tascas portuguesas.
Entre as variações do menu, experimente o Bife à Marrare com fritas: mignon ao molho de natas, vinho branco, alho dourado e dijon ou o polvo à espanhola com batata, cebolas, romesco, azeitonas e pão.
O Pabu Izakaya é um bar tradicional japonês, que vai muito além do sushi e serve pratos tradicionais japoneses pouco conhecidos por aqui, como ramen, tonkatsu, chirashi, karaage, gyoza entre outras opções além de peixes pouco usados nos restaurantes japoneses tradicionais.
Iara Mar e Bar
Se você estiver pretendendo olhar a vista no Mirante Do Leblon, aproveite para conhecer o Iara Mar e Bar, o restaurante dos sócios do Canastra e Poulé, que tem as ostras mais frescas e gostosas da cidade. Concorrido, principalmente à noite, é bom chegar cedo para encontrar um bom lugar.
Boas compras no Leblon
Com dois shoppings – Leblon e Rio Design Center – muitos restaurantes, bares e lojas de rua, o bairro é, também, um paraíso de compras!
Além de algumas lojas de rua bem exclusivas, para fazer compras no Leblon vale a pena conferir as novidades do Shopping Leblon, que abriu nove novas lojas, entre elas a NV, da influenciadora digital paulista Nati Vozza. A flagship carioca tem uma decoração que mistura o clássico a elementos modernos, que abrigam a coleção hiper colorida que é a cara da carioca.
No último semestre de 2020, o Shopping Leblon reforçou seu mix de lojas com nove novos empreendimentos, entre elas marcas como:
- ViX Paula Hermanny,a loja dos biquinis e moda praia de Kate Moss;
- Monica Pondé que vende joias contemporâneas;
- Gringa a marca descolada da atriz Fiorella Mattheis;
- Carandaí 25, pop up do coletivo de Tatiana Accioli;
- Via Mia com sua coleção de calçados coloridos e descontraídos;
- Men’s House, entretenimento e produtos de alto luxo como Jaguar e Ducati;
- Hábito que comercializa peças artesanais;
- Biscoitê, uma butique de biscoitos finos;
- AC Store, loja de presentes, enfeites e decoração de Natal chegando na vitrine, com tudo a ver com o espírito despojado da carioca e seguindo as tendências de incluir lojas com conceito de economia circular, tudo a ver com o momento.
Lugares que também é bom para se fazer compras no Leblon:
- Organomix Leblon é um supermercado e restaurante dos orgânicos, integrais, e produtos sem qualquer tipo de gordura, corante, agrotóxico ou aromas artificiais.
- Santa Cor está se preparando para reabrir suas portas no Shopping Leblon, com novidades personalizadas, de produtos de decoração, camisetas, acessórios e patuás, construídos a partir de uma cartela de cores super colorida, objetos únicos e cheios de simbolismo.
- Na Venda é uma mistura de armazém, empório e mercearia. Inspirada nas antigas pequenas mercearias do interior do Brasil, fazendo conexão entre campo e cidade, produtor e comprador.
- Não deixe de tomar um suco de fruta e comer um pastel de camarão no BB lanches na rua Ataulfo de Paiva.
É proibido carros aos domingos na avenida, portanto vale a pena caminhar. É um bom passeio, muita gente bonita e você fica de cara com o morro dos dois irmãos.
Essas são algumas opções para você aproveitar para passear, e ainda, fazer boas compras no Leblon. Com essas dicas você pode fazer o melhor roteiro de viagem!